Grande Mancha Escura

Vista da Grande Mancha Escura, obtida pela Voyager 2 em 1989. A Grande Mancha Escura tem muitas semelhanças com a Grande Mancha Vermelha de Júpiter.

A Grande Mancha Escura (em inglês Great Dark Spot, ou simplesmente GDS-89[1]) é uma mancha escura em Netuno similar em aparência à Grande Mancha Vermelha de Júpiter. A primeira vez em que foi observada foi em 1989 pela sonda espacial da NASA Voyager 2. Assim como a mancha jupiteriana, esta é uma tempestade anticiclônica. Entretanto, o interior da Grande Mancha Escura é relativamente livre de nuvens, e diferentemente de Júpiter, cuja mancha sobrevive por centenas de anos, a grande mancha de Netuno aparenta ser muito breve, formando-se e dissipando-se em poucos anos.

Características

A sombria e elíptica mancha (com dimensões iniciais de 13.000 x 6.600 km) possui quase o mesmo tamanho da Terra, e é aparentemente similar à Grande Mancha Vermelha de Júpiter. Em torno da Grande Mancha Escura, os ventos são registrados a 2400 quilômetros por hora (1,96 Mach), correspondendo aos ventos mais velozes do Sistema Solar. Pensa-se que a Grande Mancha Escura seja um "buraco" na atmosfera de Netuno, preenchido por uma nuvem de metano. O buraco já foi observado em diferentes momentos com diferentes ângulos e tamanhos.

A Grande Mancha Escura foi gerada através de largas nuvens brancas estacionadas dentro ou abaixo do nível da tropopausa,[2] similar as nuvens cirrus encontradas em altas altitudes na Terra. Porém, diferente das nuvens da Terra, das quais são compostas de cristais de gelo de água, as nuvens cirrus de Netuno são compostas de cristais de gelo de metano. E enquanto as nuvens cirrus terrestres comumente se formam e dispersam em um período de poucas horas, as nuvens da Grande Mancha Escura permanecem presentes depois de decorrido 36 horas, ou dois dias netunianos.

As manchas escuras de Netuno costumam ocorrer na tropopausa a baixas altitudes.[3] Como estas nuvens apresentam características estáveis que podem perdurar por vários meses, elas são consideradas estruturas de vórtices.[4]

Desaparecimento

Quando a Grande Mancha Escura foi fotografada novamente pelo Telescópio Espacial Hubble em novembro de 1994, ela tinha desaparecido completamente, levando os astrônomos a acreditar que ela devia ter sido coberta completamente ou desaparecido. A persistência de rotação das nuvens ao redor mostrou que estas manchas escuras continuam a existir como ciclones, embora estes não sejam mais visíveis por deixarem de ser escuros. Manchas escuras podem dissipar-se quando elas migram para perto do equador, ou possivelmente sob algum outro mecanismo desconhecido.[5]

Entretanto, uma mancha quase idêntica emergiu no hemisfério norte de Netuno. Esta nova mancha, chamada de Grande Mancha Escura do Norte (em inglês: Northern Great Dark Spot), foi visível por muitos anos.[6]

Ver também

  • Ciclone extraterrestre
  • Grande Mancha Vermelha
  • Voyager 2
  • Netuno
  • Pequena Mancha Escura

Referências

O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Grande Mancha Escura
  1. Hammel, H. B.; Lockwood, G. W.; Mills, J. R.; Barnet, C. D. (1995). «Hubble Space Telescope Imaging of Neptune's Cloud Structure in 1994». Science. 268 (5218): 1740–1742. Bibcode:1995Sci...268.1740H. PMID 17834994. doi:10.1126/science.268.5218.1740  A referência emprega parâmetros obsoletos |coautor= (ajuda)
  2. Stratman, P. W.; Showman, A. P.; Dowling, T. E.; Sromovsky, L. A. (2001). «EPIC Simulations of Bright Companions to Neptune's Great Dark Spots» (PDF). Icarus. 151 (2): 275–285. Bibcode:1998Icar..132..239L. doi:10.1006/icar.1998.5918. Consultado em 26 de fevereiro de 2008  A referência emprega parâmetros obsoletos |coautor= (ajuda)
  3. Gibbard, S. G.; de Pater, I.; Roe, H. G.; Martin, S.; Macintosh, B. A.; Max, C. E. (2003). «The altitude of Neptune cloud features from high-spatial-resolution near-infrared spectra» (PDF). Icarus. 166 (2): 359–374. Bibcode:2003Icar..166..359G. doi:10.1016/j.icarus.2003.07.006. Consultado em 26 de fevereiro de 2008. Arquivado do original (PDF) em 20 de fevereiro de 2012  A referência emprega parâmetros obsoletos |coautor= (ajuda)
  4. Max, C. E.; Macintosh, B. A.; Gibbard, S. G.; Gavel, D. T.; Roe, H. G.; de Pater, I.; Ghez, A. M.; Acton, D. S.; Lai, O.; Stomski, P.; Wizinowich, P. L. (2003). «Cloud Structures on Neptune Observed with Keck Telescope Adaptive Optics». The Astronomical Journal. 125 (1): 364–375. Bibcode:2003AJ....125..364M. doi:10.1086/344943  A referência emprega parâmetros obsoletos |coautor= (ajuda)
  5. Sromovsky, L. A.; Fry, P. M.; Dowling, T. E.; Baines, K. H. (2000). «The unusual dynamics of new dark spots on Neptune». Bulletin of the American Astronomical Society. 32: 1005. Bibcode:2000DPS....32.0903S 
  6. «Neptune». SolarViews.com. Consultado em 28 de setembro de 2011 

Ligações externas

  • (em inglês) A Grande Mancha Escura de Netuno em 1989, Windows to the Universe
  • (em inglês) A Grande Mancha Escura de Netuno: Foi-se, porém jamais será esquecida, Astronomy Picture of the Day, 8 de maio de 1996
  • v
  • d
  • e
Netuno
Descoberta
Netuno
Netuno
Características
Satélites
  • Despina
  • Galateia
  • Halimede
  • Hipocampo
  • Laomedeia
  • Larissa
  • Náiade
  • Nereida
  • Neso
  • Proteu
  • Psámata
  • Sao
  • Talassa
  • Tritão
Exploração
  • Voyager 2 (sobrevôo em 1989)
  • Mariner Mark II (cancelado)
  • Neptune Orbiter (cancelado)
Troianos
  • 2001 QR322
  • 2004 KV18
  • 385571 Otrera
  • 2005 TN53
  • (385695) 2005 TO74
  • 2006 RJ103
  • 2007 VL305
  • 2008 LC18
  • 2011 HM102
  • 2012 UV177
  • 2014 QO441
  • 2014 QP441
Miscelânea
  • Livro Livro:Netuno
  • Categoria:Netuno
  • Portal Portal:Sistema Solar
  • Commons:Netuno