João Cravinho

 Nota: Para o filho de João Cravinho e atual ministro dos Negócios Estrangeiros, veja João Gomes Cravinho.
João Cravinho
João Cravinho
João Cravinho
Ministro(a) de Portugal
Período XIII Governo Constitucional
  • Ministro do Equipamento, Planeamento
    e Administração do Território
Dados pessoais
Nascimento 19 de setembro de 1936 (87 anos)
Angola, Portugal
Partido Partido Socialista

João Cardona Gomes Cravinho GCC (Angola, 19 de setembro de 1936) é um engenheiro civil e político português.

Biografia

Engenheiro civil. Foi Ministro da Indústria e Tecnologia do IV Governo Provisório, liderado por Vasco Gonçalves, em 1975.

Ocupou o cargo de Ministro do Equipamento, Planeamento e Administração do Território no XIII Governo Constitucional. Enquanto ministro, foi confrontado com denúncias de corrupção na Junta Autónoma de Estradas por parte do presidente da empresa à data, Amadeu Garcia dos Santos, que exigiu a expulsão de um conjunto de funcionários da JAE, nomeadamente o administrador da JAE SA, Donas Botto. João Cravinho aceitou inicialmente a ideia de afastar Donas Botto, mas acabou por recuar. João Cravinho referiu que Garcia dos Santos nunca lhe expôs qualquer situação de corrupção na JAE, confirmando apenas o conflito entre Garcia dos Santos e Donas Botto como estando na origem da demissão de Garcia dos Santos.[1] No entanto, confrontado com uma entrevista de Garcia dos Santos ao Expresso, em 1998, em que este denunciava situações de corrupção na JAE, João Cravinho ordenou uma sindicância à empresa, não sem antes convidar Garcia dos Santos a apresentar denúncia junto do Ministério Público. Numa carta enviada a Garcia dos Santos, no entanto, o então ministro das Finanças, António de Sousa Franco, confirmou saber dos problemas de corrupção na JAE e quem eram as pessoas envolvidas, pelo que João Cravinho se incompatibilizou com Sousa Franco. Ainda em outubro de 1998, é publicado um relatório da Inspeção-Geral de Finanças, dando conta de que haviam saído da JAE mais de 650 mil contos (3,25 milhões de euros) sem qualquer controlo. O então procurador-geral da República, Cunha Rodrigues, recuou na sua posição inicial e o Ministério Público iniciou investigação a todos os processos da JAE. João Cravinho ordenou também uma sindicância à JAE, que concluiu pela existência de corrupção, e enviou o relatório da sindicância para o Parlamento, que organizou uma comissão de inquérito sobre o caso, e para o Ministério Público. Acabou por ordenar a extinção da JAE em 1999. Durante o consulado de João Cravinho como ministro do Equipamento, Planeamento e Administração do Território, foi vertido na lei um limite de 25% na aceitação de obras a mais, relativamente ao valor inicial da adjudicação da obra, e também a proibição de funcionários públicos trabalharem para empresas privadas que fazem obras públicas. Tendo as conclusões da sindicância à JAE sido entregues à Procuradoria-Geral da República, daí resultou um processo com 19 arguidos pelos crimes de participação económica em negócio, corrupção ativa para ato lícito, corrupção passiva para ato lícito, burla agravada, peculato, falsificação de documento autêntico e recetação, entre os quais constava o antigo ministro das Obras Públicas, Joaquim Ferreira do Amaral, e o seu secretário de Estado, Álvaro Magalhães. No entanto, em maio de 2000, o processo acabou arquivado por falta de provas. Em junho de 2009, um relatório do Tribunal de Contas concluiu que, «se a gestão da JAE fosse eficaz, as estradas teriam custado menos 44 por cento». João Cravinho alega que as medidas que tomou contra a corrupção estiveram na base da sua não recondução no cargo de ministro do Equipamento, Planeamento e Administração do Território, em 1999, após pressões dos empreiteiros, que pediam repetidamente a sua demissão aos então primeiro-ministro, António Guterres, e presidente da República, Jorge Sampaio.[2][3]

A 8 de Junho de 2005 foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo.[4]

Em 2006, enquanto deputado socialista, criou um plano de anticorrupção que consistia em colocar sob suspeita uma pessoa cujas declarações de rendimentos não correspondessem ao seu real património. Esta proposta foi rejeitada pelos deputados socialistas no parlamento. Pouco depois Cravinho demitiu-se da Assembleia da República e foi para Inglaterra, onde foi nomeado administrador do Banco Europeu para a Reconstrução e o Desenvolvimento pelo governo português liderado por José Sócrates.

Foi comentador ocasional na SIC Notícias.

Em 2012, na sequência da polémica gerada por alegadas ligações de elementos das polícias secretas portuguesas à Maçonaria, João Cravinho assumiu pertencer à maçonaria há já quinze anos, apesar de não frequentar muito as reuniões.[5]

Em 2021 João Cravinho acusou o Governo de José Sócrates de travar o combate à corrupção[6].

É pai de João Gomes Cravinho.[7]

Condecorações[4][8]

Funções governamentais exercidas

Referências

  1. «Garcia dos Santos é julgado hoje». Público. 19 de abril de 2001. Consultado em 2 de julho de 2023 
  2. «João Cravinho e o combate à corrupção: "Fui ingénuo e estúpido"». Público. 5 de setembro de 2018. Consultado em 2 de julho de 2023 
  3. A Mediatização do Escândalo Político em Portugal no Período Democrático: padrões de cobertura jornalística nos seminários de referência - Tese de doutoramento de Bruno Ricardo Vaz Paixão em Ciências da Comunicação, no ramo de Estudos do Jornalismo, apresentada ao Departamento de Filosofia, Comunicação e Informação da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra
  4. a b «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "João Cardona Gomes Cravinho". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 4 de fevereiro de 2015 
  5. «João Cravinho defende que maçons se assumam publicamente». Jornal Público. 9 de janeiro de 2012. Consultado em 9 de janeiro de 2012 [ligação inativa]
  6. «João Cravinho acusa Governo de Sócrates de travar o combate à corrupção» 
  7. https://sicnoticias.pt/pais/2019-03-28-Os-envolvidos-na-polemica-das-relacoes-familiares-no-Governo
  8. «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Estrangeiras». Resultado da busca de "João Cardona Gomes Cravinho". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 4 de fevereiro de 2015 

Precedido por
Junta de Salvação Nacional
Daniel Maria Vieira Barbosa
(III Governo do Estado Novo)
Ministro da Indústria e Tecnologia
IV Governo Provisório
1975
Sucedido por
Fernando Quitério de Brito
Precedido por
Luís Valente de Oliveira
Ministro do Planeamento e
da Administração do Território

XIII Governo Constitucional
1995 – 1996
Sucedido por
o próprio
(como ministro do Equipamento,
Planeamento e Administração do Território)
Precedido por
o próprio
(como ministro do Planeamento e da Administração do Território)
Francisco Murteira Nabo
(como ministro do Equipamento Social)
Ministro do Equipamento,
Planeamento e Administração do Território

XIII Governo Constitucional
1996 – 1999
Sucedido por
Jorge Coelho
(como ministro do Equipamento Social)
Elisa Ferreira
(como ministra do Planeamento)
José Sócrates
(como ministro do Ambiente e do Ordenamento do Território)
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  • e
Ministros das Infraestruturas, Ministros das Obras Públicas e Ministros do Equipamento Social de Portugal na Terceira República Portuguesa

Junta de Salvação Nacional Manuel Rocha José Augusto Fernandes Henrique Oliveira e Sá • Álvaro Veiga de Oliveira João Almeida Pina António Sousa Gomes João Almeida Pina (2.ª vez) Mário de Azevedo João Porto Luís Barbosa José Viana Baptista João Rosado Correia Carlos Melancia João Maria de Oliveira Martins Joaquim Ferreira do Amaral Henrique Constantino • Francisco Murteira Nabo João Cravinho • Jorge Coelho Eduardo Ferro Rodrigues José Sócrates (por delegação de funções) Luís Valente de Oliveira António Carmona Rodrigues António Mexia Mário Lino António Mendonça Pedro Marques Pedro Nuno Santos João Galamba António Costa (por acumulação de funções) Miguel Pinto Luz

Bandeira ministerial portuguesa
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Primeiro-ministro
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Ministros
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Educação e Cultura
Agricultura e Pescas
Comércio Externo
Indústria e Tecnologia
João Cravinho
Trabalho
Assuntos Sociais
Transportes e Comunicações
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Primeiro-ministro
António Guterres, 114.º chefe de governo de Portugal
Ministros
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Defesa Nacional
António Vitorino (1995–1997) • José Veiga Simão (1997–1999) • Jaime Gama (1999)
Negócios Estrangeiros
Jaime Gama (1995–1999)
Finanças
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Alberto Costa (1995–1997) • Jorge Coelho (1997–1999)
Planeamento e da
Administração do Território
João Cravinho (1995–1996)
Equipamento SocialA / Equipamento,
do Planeamento e da Administração
do TerritórioB
Henrique ConstantinoA (1995) • Francisco Murteira NaboA (1995–1996) • João CravinhoB (1996–1999)
Justiça
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