Nancy Fraser

Nancy Fraser
Nancy Fraser
Nancy Fraser, en 2008
Nascimento 20 de maio de 1947 (76 anos)
Baltimore (Estados Unidos)
Cidadania Estados Unidos
Alma mater
  • CUNY Graduate School and University Center
Ocupação filósofa, professora universitária, socióloga, cientista política
Prêmios
  • Doutor honorário da Universidade de Liège (2015)
Empregador(a) Universidade do Noroeste, Universidade de Groningen, Universidade da Geórgia, Universidade Stanford, The New School
[edite no Wikidata]

Nancy Fraser (Baltimore, 20 de maio de 1947) [1] é uma filósofa afiliada à escola de pensamento conhecida como teoria crítica.

Estudou Filosofia na City University of New York. É titular da cátedra Henry A. and Louise Loeb de Ciências Políticas e Sociais da New School University, também em Nova York.

Carreira

A pensadora obteve seu bacharelado em filosofia na Bryn Mawr em 1969 e recebeu seu Pós Doutorado em filosofia do Centro de Pós-Graduação (Universidade da Cidade de Nova York / EUA) em 1980. Ela lecionou no departamento de filosofia da Universidade de Northwestern por muitos anos antes de se mudar para a New School, e tem sido uma professora-visitante em universidades na Alemanha, França, Espanha e Holanda. Além de suas muitas publicações e palestras, Fraser é uma ex-co-editora da Constelações, um jornal internacional de teoria crítica e democrática, onde ela permanece um membro ativo do Conselho Editorial. Ela foi convidada a ministrar as Palestras "Tanner" na Universidade de Stanford e as Palestras sobre Spinoza na Universidade de Amsterdã.[2][3][4]

Pensamento

Fraser é uma importante pensadora feminista, preocupada com as concepções de justiça. Argumenta que a justiça é um conceito complexo que deve ser entendido sob três dimensões separadas, embora inter-relacionadas:

  • distribuição (de recursos produtivos e de renda),
  • reconhecimento (na linguagem e em todo o domínio do simbólico) e
  • representação (na política e no poder de tomar decisões).[5]

Para evitar concepções redutoras dos conceitos de justiça e participação democrática, ela argumenta também que os teóricos sociais deveriam sintetizar os elementos da Teoria Crítica e do Pós-estruturalismo, superando a "falsa antítese" entre os dois, para ganhar um completo conhecimento dos problemas sociais e políticos sobre o qual ambos trabalham.

Isto não significa que Fraser defenda uma vaga fusão entre as duas vertentes de pensamento. De fato, o que ela propõe é uma aproximação "neo-pragmatista", em que cada escola de pensamento separe rigorosamente os elementos úteis dos que lhe são menos úteis (ou até prejudiciais) tendo em vista as análises progressistas das instituições e dos movimentos sociais. Assim a autora está plenamente inserida na tradição das teorias progressistas, ao mesmo tempo em que modifica essa tradição com elementos de teorias recentes - do feminismo, da Teoria Crítica e do Pós-estruturalismo. Além de seus vários livros e palestras, Fraser é editora de Constellations ,[6] uma revista internacional de Teoria Crítica.

A autora escreveu sobre uma ampla variedade de questões, mas ela é principalmente conhecida por seu trabalho sobre as concepções filosóficas de justiça e injustiça. Argumenta que a justiça pode ser entendida de duas maneiras separadas, mas correlacionadas: justiça distributiva (em termos de uma distribuição mais equitativa de recursos) e a justiça de reconhecimento (o reconhecimento igual de diferentes identidades e grupos dentro de uma sociedade. Existem duas formas correspondentes de injustiça: má distribuição e reconhecimento incorreto.[7][8]

Argumenta que muitos movimentos de justiça social nas décadas de 1960 e 1970 defenderam o reconhecimento com base em raça, gênero, sexualidade ou etnia e que o foco na correção do falso reconhecimento eclipsou a importância de desafiar os problemas persistentes de má distribuição. Em outras palavras, Fraser afirma que o foco excessivo na política de identidade desvia a atenção dos efeitos deletérios do capitalismo neoliberal e da crescente desigualdade de riqueza que caracteriza muitas sociedades.[9][10]

Em um trabalho mais recente, a autora vai ainda mais longe ao vincular o foco estreito da política de identidade com o fosso cada vez maior entre ricos e pobres, particularmente no que diz respeito ao feminismo liberal, que Fraser chama de "serva" do capitalismo.[11]

Bibliografia (em português)

  • Da redistribuição ao reconhecimento? Dilemas da justiça na era pós-socialista (1997)
  • Políticas Feministas na Era do Reconhecimento: Uma Abordagem Bidimensional da Justiça de Gênero (2002)
  • Feminismo para os 99%: Um manifesto (co-autoria de Cinzia Arruzza e Tithi Bhattacharya 2019)
  • Capitalismo em debate: uma conversa na teoria crítica (co-autoria de Rahel Jaeggi, 2020)

Bibliografia (em inglês)

  • Unruly Practices: Power, Discourse, and Gender in Contemporary Social Theory (1989)
  • Revaluing French Feminism: Critical Essays on Difference, Agency, and Culture (co-editado com Sandra Bartky, 1992)
  • Feminist Contentions: A Philosophical Exchange (com Seyla Benhabib, Judith Butler e Drucilla Cornell, 1994)
  • Justice Interruptus: Critical Reflections on the "Postsocialist" Condition (1997)
  • The Radical Imagination: Between Redistribution and Recognition (2003)
  • Redistribution or Recognition? A Political-Philosophical Exchange (escrito com Axel Honneth, 2003)

Referências

  1. «Página de apresentação de Fraser como fellow da Academia de Ciências de Berlim, em 2005» (em inglês). Wiko-berlin.de 
  2. «Constellations». Wiley Online Library (em inglês). Consultado em 10 de julho de 2021 
  3. Jadžić, Miloš & Miljković, Dušan & Veselinović, Ana (eds.). (2012). Kriza, odgovori, levica: Prilozi za jedan kritički diskurs, Rosa Luxemburg Stiftung Southeastern Europe: Belgrade, p. 239
  4. «Wayback Machine» (PDF). web.archive.org. 7 de março de 2020. Consultado em 10 de julho de 2021 
  5. FRASER, Nancy; HONNETH, Axel (2003). Redistribution or recognition?. [S.l.]: Verso. p. 68 
  6. «Site da Constellations». Constellationsjournal.org 
  7. «Nancy Fraser, Rethinking Recognition, NLR 3, May–June 2000». New Left Review (em inglês). Consultado em 10 de julho de 2021 
  8. Fraser, Nancy; Dahl, Hanne Marlene; Stoltz, Pauline; Willig, Rasmus (2004). «Recognition, Redistribution and Representation in Capitalist Global Society: An Interview with Nancy Fraser». Acta Sociologica (4): 374–382. ISSN 0001-6993. Consultado em 10 de julho de 2021 
  9. «Interview with Nancy Fraser: Justice as Redistribution, Recognition and Representation | MR Online». mronline.org (em inglês). 16 de maio de 2009. Consultado em 10 de julho de 2021 
  10. «The battle for neoliberal hegemony: an interview with Nancy Fraser». openDemocracy (em inglês). Consultado em 10 de julho de 2021 
  11. «How feminism became capitalism's handmaiden - and how to reclaim it | Nancy Fraser». the Guardian (em inglês). 14 de outubro de 2013. Consultado em 10 de julho de 2021 

Ligações externas

  • «Página de Nancy Fraser». no portal de The New School for Social Research 
  • «Ensaio "Transnationalizing the Public Sphere". 03/2005». www.republicart.net 
  • «"From Redistribution to Recognition? Dilemmas of Justice in a 'Post-Socialist' Age"». New Left Review I/212, julho-agosto de 1995 
  • «"Rethinking recognition"». , por Nancy Fraser. New Left Review 3, maio-junho de 2000 
  • «MATTOS, Patrícia - "O reconhecimento, entre a justiça e a identidade"». Lua Nova: Revista de Cultura e Política, n° 63. São Paulo, 2004. Print ISSN 0102-6445 (comentário sobre as idéias de Honneth e Fraser acerca do reconhecimento) 
  • «Fraser, Nancy - "Reconhecimento sem ética?"» (PDF). Tradução de Ana Carolina Freitas Lima Ogando e Mariana Prandini Fraga Assis. Lua Nova, n° 70. São Paulo, 2007. 
  • Qui compte comme sujet de justice ? Por Nancy Fraser. Transeuropeennes, 30 de março de 2010 (disponível em inglês, francês, árabe ou turco)
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