Teorema de Perron-Frobenius

Em álgebra linear, o teorema de Perron-Frobenius, provado por Oskar Perron (1907) e Ferdinand Georg Frobenius (1912), afirma que uma matriz real quadrada com entradas positivas tem um único maior autovalor e que o correspondente autovetor tem componentes estritamente positivos, e também afirma uma declaração semelhante para certas classes de matrizes não negativas. Este teorema tem aplicações importantes para a teoria de probabilidade (ergodicidade de cadeias de Markov ), para a teoria de sistemas dinâmicos; à Economia (modelo de Leontief);[1] à demografia (modelo de distribuição etária de população Leslie)[2] à base matemática de motores de busca na internet[3]e até mesmo a classificação dos times de futebol.[4]

Caso com matrizes positivas

A teoria de matrizes não-negativas assume sua forma mais simples e elegante para matrizes positivas e é para esse caso que Oskar Perron fez descobertas fundamentais em 1907 (apud [5]). Agora, resumiremos seus principais resultados em um teorema que leva seu nome.

Teorema de Perron

Se A {\displaystyle A} é uma matriz quadrada e A > 0 {\displaystyle A>0} , então

  • (a) ρ ( A ) > 0 {\displaystyle \rho (A)>0}
  • (b) ρ ( A ) {\displaystyle \rho (A)} é um autovalor de A {\displaystyle A}
  • (c) Existe um vetor x {\displaystyle x} tal que x > 0 {\displaystyle x>0} e A x = ρ ( A ) x {\displaystyle Ax=\rho (A)x}
  • (d) ρ ( A ) {\displaystyle \rho (A)} é um autovalor algebricamente (e, dessa forma, geometricamente) simples
  • (e) | λ | < ρ ( A ) {\displaystyle |\lambda |<\rho (A)} para todo autovalor de A {\displaystyle A} tal que λ ρ ( A ) {\displaystyle \lambda \neq \rho (A)} , ou seja, ρ ( A ) {\displaystyle \rho (A)} é o único autovalor de maior módulo
  • (f) [ ρ ( A ) 1 A ] m H {\displaystyle [\rho (A)^{-1}A]^{m}\rightarrow H} quando m {\displaystyle m\rightarrow \infty } , onde H = x y T {\displaystyle H=xy^{T}} , A x = ρ ( A ) x {\displaystyle Ax=\rho (A)x} , A T y = ρ ( A ) y {\displaystyle A^{T}y=\rho (A)y} , x > 0 {\displaystyle x>0} , y > 0 {\displaystyle y>0} e x T y = 1 {\displaystyle x^{T}y=1} .

O único autovetor normalizado caracterizado no item (c) do Teorema de Perron é frequentemente chamado de vetor de Perron de A {\displaystyle A} e ρ ( A ) {\displaystyle \rho (A)} é frequentemente chamado de raiz de Perron de A {\displaystyle A} . Obviamente, A T {\displaystyle A^{T}} é uma matriz positiva se A {\displaystyle A} é positiva. Assim, o Teorema de Perron se aplica à matriz A T {\displaystyle A^{T}} também. O vetor de Perron de A T {\displaystyle A^{T}} é chamado de vetor de Perron à esquerda de A {\displaystyle A} .[5]

Caso com matrizes não-negativas e irredutíveis

Quando nos deparamos com matrizes não-negativas que não são positivas, é necessário considerar uma extensão do Teorema de Perron para o caso em que nem todas entradas da matriz são estritamente positivas. [5]

Teorema

Se A {\displaystyle A} é uma matriz quadrada e A 0 {\displaystyle A\geq 0} , então ρ ( A ) {\displaystyle \rho (A)} é um autovalor de A {\displaystyle A} e existe um autovetor não-negativo x 0 {\displaystyle x\geq 0} , x 0 {\displaystyle x\neq 0} , tal que A x = ρ ( A ) x {\displaystyle Ax=\rho (A)x} .

Entretanto, sem hipóteses adicionais, não podemos ir muito além do teorema acima na generalização do Teorema de Perron para matrizes não-negativas.

Quando A 0 {\displaystyle A\geq 0} , o autovalor não-negativo ρ ( A ) {\displaystyle \rho (A)} é chamado raiz de Perron de A {\displaystyle A} . Visto que um autovetor associado com a raiz de Perron de uma matriz não-negativa não é necessariamente unicamente determinado (a menos quando A {\displaystyle A} é positiva), não existe uma noção bem determinada de o vetor de Perron para uma matriz não-negativa. Por exemplo, a matriz A = I {\displaystyle A=I} possui todo vetor não-negativo como um autovetor associado com a raiz de Perron ρ ( A ) = 1 {\displaystyle \rho (A)=1} . [5]

Agora, veremos como o Teorema de Perron se generaliza para matrizes não-negativas e irredutíveis. O nome de Frobenius é associado à generalização dos resultados de Perron sobre matrizes positivas para matrizes não-negativas segundo,[5] pois os primeiros resultados para tais matrizes foram obtidas por Georg Frobenius em 1912.

Teorema de Perron-Frobenius

Se A {\displaystyle A} é uma matriz quadrada, não-negativa e irredutível, então,

  • (a) ρ ( A ) > 0 {\displaystyle \rho (A)>0}
  • (b) ρ ( A ) {\displaystyle \rho (A)} é um autovalor de A {\displaystyle A}
  • (c) Existe um vetor x {\displaystyle x} positivo tal que A x = ρ ( A ) x {\displaystyle Ax=\rho (A)x}
  • (d) ρ ( A ) {\displaystyle \rho (A)} é um autovalor algebricamente (e, dessa forma, geometricamente) simples

O teorema garante que o autoespaço de uma matriz não-negativa e irredutível associado com a raiz de Perron é unidimensional. Para uma matriz não-negativa e irredutível, o único autovetor positivo normalizado também é chamado de vetor de Perron. [5]

Ver também

  • Operador positivo
  • Matriz Hermitiana

Referências

  1. Meyer 2000, p. 8.3.6 p. 681
  2. Meyer 2000, p. 8.3.7 p. 683
  3. Langville & Meyer 2006, p. 15.2 p. 167
  4. Keener 1993, p. p. 80
  5. a b c d e f Horn, Roger A.; Johnson, Charles R. (1985). Matrix Analysis. [S.l.]: Cambridge University Press. ISBN 0-521-38632-2  !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)
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