Conclave de 1492

Conclave de 1492
Conclave de 1492
O Papa Alexandre VI
Data e localização
De 6 a 11 de agosto de 1492
Roma, Palácio Vaticano
Pessoas-chave
Decano Rodrigo de Borja y Borja[1][2]
Vice-Decano Oliviero Carafa[2]
Camerlengo Raffaele Riario[2]
Protopresbítero Luis Juan de Milà y Borja
Protodiácono Francesco Todeschini-Piccolomini[2]
Eleição
Eleito Papa Alexandre VI
(Rodrigo de Borja y Borja)
Participantes 23
Ausentes 4
Escrutínios 4
Cronologia
Conclave de 1484
1.º Conclave de 1503
dados em catholic-hierarchy.org

O conclave papal de 1492 ocorreu logo após a morte do Papa Inocêncio VIII, no qual foi eleito o Papa Alexandre VI como pontífice. Foi composto por vinte e sete cardeais; dois deles eram cardeais “in pectore”, ou seja, eleitos, mas não proclamados; o conclave os aceitou, como foi feito em outras ocasiões.

Cardeais participantes

Brasão papal de Sua Santidade o papa Alexandre VI

Dos 23 cardeais que participaramm no conclave, quatorze tinha sido elevado pelo Papa Sisto IV.[3] Os cardeais de Sisto IV, conhecidos como "Cardeais da Capela Sistina" e liderados por Giuliano della Rovere, haviam controlado o Conclave de 1484, elegendo um dos seus, Giambattista Cibo, como o Papa Inocêncio VIII.[4] Desde 1431, a composição do Colégio Cardinalício foi radicalmente transformada, aumentando o número de cardeais-sobrinhos (3-10), cardeais da coroa (de 2 a 8), e representantes de poderosas famílias nobres romanas (2-4).[5] Com a exceção de três funcionários da Cúria e um pastor, os cardeais eram "príncipes seculares, em grande parte sem se preocupar com a vida espiritual, quer da Igreja latina ou de seus membros."[5]

Os cardeais presentes no conclave eram todos italianos, exceto pelos cardeais Borja e Costa, ibéricos[1]:

Cardeais votantes

Consistóro 1492
Fevereiro 1456 2
Consistórios de Calisto III 2
Março 1460 1
Consistórios de Pio II 1
Setembro 1467 1
Novembro 1468 2
Consistórios de Paulo II 3
Dezembro 1471 1
Maio 1473 1
Dezembro 1476 1
Dezembro 1477 2
Fevereiro 1478 1
Maio 1480 3
Novembro 1483 3
Março 1484 1
Consistórios de Sisto IV 13
Março 1489 8
Consistórios de Inocêncio VIII 8
Total 27

Criado por Cardeais Por Cento
Papa Calisto III (CIII) 02 7,41 %
Papa Pio II (PiII) 01 3,7 %
Papa Paulo II (PaII) 03 11,11 %
Papa Sisto IV (SIV) 013 48,15 %
Papa Inocêncio VIII (IVIII) 08 29,63 %
Total 27 100 %

* Eleito Papa

Cardeais Bispos

Participaram dos escrutínios os seguintes cardeais[1]:

Nome Consistório Papa
1 Rodrigo de Borja y Borja Fevereiro 1456 CIII
2 Giuliano della Rovere Dezemebro 1471 SIV
3 Oliviero Carafa Setembro 1467 PaII
4 Giovanni Battista Zeno Novembro 1468
5 Giovanni Michiel
6 Jorge da Costa, O.Cist. Dezemebro 1476 SIV

Cardeais Presbíteros

Nome Consistório Papa
7 Girolamo Basso della Rovere Dezembro 1477 SVI
8 Raffaele Riario
9 Domenico della Rovere Fevereiro 1478
10 Paolo Fregoso Maio 1480
11 Giovanni de' Conti Novembro 1483
12 Giovanni Giacomo Schiaffinati
13 Lorenzo Cibo de' Mari Março 1489 IVIII
14 Ardicino della Porta, iuniore
15 Antonio Pallavicini Gentili

Cardeais Diáconos

Nome Consistório Papa
16 Francesco Todeschini-Piccolomini Março 1460 PiII
17 Giovanni Battista Savelli Maio 1480 SIV
18 Giovanni Colonna
19 Giovanni Battista Orsini Novembro 1483
20 Ascanio Maria Sforza Visconti Março 1484
21 Maffeo Gherardi, O.S.B.Cam Março 1489 IVIII
22 Giovanni de' Medici
23 Federico di Sanseverino

Cardeais ausentes

Cardeais Presbíteros

Nome Consistório Papa
24 Luis Juan de Milà y Borja Fevereiro 1456 CIII
25 Pedro González de Mendoza Maio 1473 SIV
26 André d'Espinay Março 1489 IVIII

Cardeais Diáconos

Nome Consistório Papa
27 Pierre d'Aubusson, O.S.Io.Hieros. Março 1489 IVIII

O Conclave

Foi razoável incluir os nomes dos cardeais eleitores porque em primeiro lugar se depara com uma prova fiel do “nepotismo” por parte dos pontífices anteriores e que muitos desses “príncipes da igreja” pertenciam a várias das famílias poderosas da península itálica que para tanto comprar seus votos fosse muito difícil, já que sua honra era reconhecida e careciam de necessidades econômicas; as riquezas dos Bórgia não eram excessivas pelo qual, por lógica, se descarta a simonia, já que esses cardeais inclusive podiam comprar votos entre eles mesmos.[6]

O dia 6 de agosto foi consumido pela elaboração e subscrição da capitulação em conclave, que, embora não tenha sobrevivido aos nossos dias, é conhecido por ter restringido o número de novos cardeais que poderiam ser criados pelo novo papa.[5]

Entre os mais “papabiles” encontra-se num primero escalão Caraffa, Costa e Ardicino della Porta, assim como logo se falou de Zeno e Piccolomini, entretanto, Giuliano della Rovere era apoiado pela França e Gênova, que teriam 300 mil ducados de ouro depositados em Roma para usá-los em favor de sua eleição como também o rei de Nápoles o apoiava com suas tropas nas portas de Roma. De Borja só se falava como uma remota possibilidade.[5]

Na primeira votação, os mais votados foram Caraffa e Costa; na segunda, esta tendência mudou para della Rovere e Ascanio Sforza, este último apoiado por Borja, mas devido a seu irmão Ludovico Sforza ter grandes ambições para com a “Cidade Eterna”, Sforza decidiu dar seu apoio ao vice-chanceler que finalmente o acompanhou, não obstante se Sforza não podia ser eleito com o apoio de Borja, dificilmente este último podia ser eleito com o apoio de Sforza.

As principais razões para que Borja não fosse eleito eram, em primeiro lugar, sua nacionalidade espanhola e no conclave, além dele, o único estrangeiro era o purpurado português Jorge da Costa, que já era considerado “papabile”. Além disso, Borja era considerado inimigo por França, Nápoles, Veneza e Florença, devido a sua supremacia na Igreja que não era agradável para os Príncipes Temporais.[5] Por exemplo, se o fraco Papa Inocêncio VIII pode causar terríveis males ao rei de Nápoles, então o inimigo Borja era de se temer ainda mais.

Devido a essas razões, o vice-chanceler não conseguiu sequer apresentar seu nome, já que os outros dois cardeais espanhóis não se encontravam no conclave. Supostamente, alguns consideram simoníaca a eleição, não obstante se assim tivesse sido, o cardeal della Rovere teria sido eleito pelo apoio dos grandes Estados mais ricos que qualquer outro indivíduo.

O conclave finalmente elegeu por unanimidade [Um conclave aprova a eleição quando se obtém os dois terços de todos os eleitores, no caso de Rodrigo Borja o conclave foi com votação oral e quando se obteve os dois terços daqueles que estavam votando, se deu por concluída a eleição, sem importar o resto dos votos ainda não emitidos] ao vice-chanceler, pois os cardeais decidiram que nenhum candidato apoiado por outro Estado podia ser eleito porque Roma ficaria subjugada sob o poder estrangeiro. Também lembraram do Papa Calisto III, acusado de nepotismo porque quase todos os integrantes deste conclave eram criados por ele. Algo necessário era um candidato forte e com conhecimentos nos assuntos da igreja. Além disso, independente do resto dos Estados e nesses aspectos, Borja se encaixava à perfeição. Cabe destacar que entre todos os cardeais, na administração e na força, ele era o melhor, de tal forma que foi eleito em 11 de agosto de 1492, para ser coroado com a “tríplice coroa” no domingo 16 de agosto[7] pelo cardeal protodiácono Francesco Todeschini-Piccolomini, adotando o nome de Alexandre VI, não tanto em homenagem a Alexandre Magno, porque não era muito favorável ter um nome com tamanha característica militar, mas também pelo Papa Alexandre III, que obrigou a Frederico Barbarossa a respeitar a Igreja de Roma.

Referências

  1. a b c «The Cardinals of the Holy Roman Church» (em inglês) 
  2. a b c d «GCatholic» (em inglês) 
  3. Pastor, Ludwig. 1906. The History of Popes. K. Paul, Trench, Trübner & Co., Ltd. p. 416.
  4. Signorotto, Gianvittorio, and Visceglia, Maria Antonietta. 2002. Court and Politics in Papal Rome, 1492-1700. Cambridge University Press. ISBN 0521641462. p. 17.
  5. a b c d e Burke-Young, Francis A. 1998. "The Cardinals of the Holy Roman Church: Papal elections in the Fifteenth Century: The election of Pope Alexander VI (1492)." Retrieved on August 28, 2009.
  6. FERRARA, Orestes: “El Papa Borgia”, Colección “La Nave”, Madrid, 1948.
  7. BERENCE, Fred: “Lucrecia Borgia” (Segunda Edición), Losada S.A., Buenos Aires, 1942.

Bibliografia

  • FUSERO, Clemente: “César Borgia”, Editorial Planeta, Barcelona, 1967.
  • Baumgartner, Frederic J. 2003. Behind Locked Doors: A History of the Papal Elections. Palgrave Macmillan. ISBN 0-312-29463-8.

Ligações externas

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  • Genealogía, Reyes y Reinos: Los Borgia
  • «História Vaticana» (em alemão) 
  • v
  • d
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